domingo, 5 de dezembro de 2010

Carnal


Aos poucos as nuances foram virando cela sem chave, perdidos naquele espaço reduzido e em algum lugar cujo destino era incerto, nem mesmo destino era necessário existir para que duas almas entrelaçadas pelo calor e suor do amor que escorria pelo rosto, pudessem acreditar em qualquer coisa que não fosse à entrega.

Naquele palco havia luzes presentes só em duas ocasiões, aquelas que se vêem em relatos de livros e de filmes, e a outra quando o desejo da carne está envolto ao do espírito.

E ali se ouvia as partituras que representavam o sabor do encontro, representados em ritmos cardíacos e respiratórios descontrolados e pincelados em pinturas tão intimas. A lua se fazia presente e expectadora naquele cenário fortalecendo o elo de duas almas entrelaçadas pelo suor do amor que agora escorria por todo o corpo e que se fundia com o cheiro intenso dos hormônios que borbulhavam pelos poros já dilatados de excitação.

Naquela paisagem não havia receios, nem tão pouco culpa, apenas duas almas sendo submetidas ao prazer e a entrega visceral da carne, que pouco a pouco era dilacerada pelos apelos da volúpia.

O mais fascinante, sobre o olhar despretensioso, era que nos momentos em que se ouviam gemidos via-se a projeção do amor que ali compartilhavam medidos pela fraqueza dos corpos trêmulos lançados num espaçamento de curtos e longos movimentos repetidos acompanhados pelas mãos e bocas incansavelmente dispostas a fazer daquele encontro além do tão certo gozo repetido em atos, a surpresa daquelas almas que ainda não poder ver que ali eles beiravam as correntezas de águas tão límpidas e tão despretensiosas que só o amor poderia lhes ter reservado.

As luzes baixaram, as portas se abriram e o desejo permanecia fazendo que ali permanecessem entrelaçadas, um dentro do outro como se fossem um só, encantadas com toda a cena que foram capazes de reluzir.

Miss Novaes

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